O grupo palestino Hamas realizou um ataque surpresa contra Israel neste sábado (7) e reivindicou a autoria da ação. O governo israelense declarou estado de guerra e realiza operações de retaliação. Os grupos reivindicam o mesmo território que possui importantes marcos religiosos para ambos os povos. Uma migração em massa de judeus de vários países para a Palestina ocorrida entre a segunda metade do século 19 e a primeira metade do século 20 provocou uma mudança na demografia local. A região antes majoritariamente árabe passou a ter uma população judaica cada vez maior.
Nos primeiros mandatos britânicos na região (iniciados em 1922) houve confrontos entre árabes e judeus, iniciando uma discussão sobre quais medidas seriam tomadas. Pouco antes da retirada dos britânicos, as Nações Unidas colocaram em prática um plano de divisão do território. A insatisfação em torno do mapa gerou uma guerra civil entre os dois povos.
Um dos principais pontos de discordância entre entre judeus e palestinos é a existência de projetos nacionalistas diferentes. Ambas organizações políticas são distintas e disputam o mesmo território, desejando criar uma comunidade onde o outro plano não está incluso.
Em 1918, depois da Primeira Guerra Mundial, o então império britânico assume a região e tenta criar um estado judeu, sem sucesso. Depois da Segunda Guerra Mundial e por causa do Holocausto na Europa, a presença dos judeus na Palestina aumentou consideravelmente. Em1947, o assunto é transferido para a responsabilidade da ONU, que fica responsável por partilhar o território entre árabes ( Faixa de Gaza e Cisjordânia) e Israel. Em 1948 a ONU reconheceu oficialmente o Estado de Israel. O voto de minerva foi dado pelo brasileiro Osvaldo Aranha, o que dá início à 1ª Guerra Árabe-Israelense, que só foi encerrada em 9 de janeiro de 1949, quando as nações árabes assinaram um armistício com Israel, que saiu como grande vencedor dessa guerra. Após este conflito, outras guerras foram travadas com os árabes palestinos: Guerra de Suez (1956);Guerra dos Seis Dias (1967);Guerra de Yom Kippur (1973).
Hamas
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. O grupo é conhecido por ter um grande braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza e não reconhece Israel como país, além de reivindicar a totalidade do território de Israel para a Palestina. Além do combate armado, o Hamas atua também em ações sociais e de apoio aos árabes palestinos que vivem na região, de maioria muito pobre. Após diversas guerras, o Hamas assumiu o controle das Faixa de Gaza em 2007. Em 2012 a ONU reconheceu a Palestina (formada por Faixa de Gaza e Cisjordânia) como um Estado-observador permanente.
O grupo surgiu no interior da Irmandade Muçulmana, organização que se iniciou no Egito em 1928 e, naquele tempo, tinha objetivo de “islamizar a sociedade”. À medida em que Israel avançava na conquista de novos territórios, o grupo passou a se radicalizar cada vez mais e a chamada “jihad” ( guerra santa) ganhou força. Na década de 1960, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina, a OLP, sendo seu propósito garantir a libertação do povo palestino em sua luta pela autodeterminação. Na década de 1980, o Estado de Israel passou a investir no crescimento da Irmandade Muçulmana com o objetivo de fragmentar a resistência palestina. Porém, o que aconteceu foi o contrário do que Israel previa: no interior da Irmandade Muçulmana, um grupo surgiu com interesse em envolver-se com a política e em resistir a Israel por meio da violência. Esse grupo se tornou no Hamas, que surgiu no contexto da Primeira Intifada, os protestos populares de palestinos contra Israel em 1987.
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